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The dark side of the: Morar Sozinha - Adaptação I

Depois de algum tempo morando sozinha, toda a sua planejação da utopia que esse ato significa desmorona. A falsa ilusão de que em um número x de meses você estará estável, que o perrengue vai passar, que o dinheiro vai sobrar, vai ser desconstruída. É engraçado porque quando se é mais novo, acredita-se que o mundo pode funcionar de outra forma e que uma quantidade ingênua de pessoas pode transformar esse sistema; mas depois que as responsabilidades chegam, a vida te dá um soco nos olhos chamado realidade, e comicamente é quando você passa a enxergar melhor.
O trabalho vai enlouquecer você. A insanidade vai entrar pela mesma porta antes arrombada pelas obrigações. Você quase vai pensar em largar tudo. Faça isso. No meio do processo você vai entender que só não ganha dinheiro para pagar as contas no final do mês quem não quer, então comece a ganhar dinheiro com o que você quer fazer. A adaptação me ensinou que é preciso deixar a vida seguir o fluxo que ela quiser, e o medo de fazer pode te impedir de ser quem você deseja. Tudo bem, se até uva passa, isso vai passar também.
A estabilidade continua muito distante agora. Tudo bem. Sair de casa é se dispor a qualquer tipo de situação bizarra e desnecessária na sua vida financeira-pessoal-amorosa. Você começa a entender a individualidade do lugar que só você habita, e vai desejar que o sentimentalismo barato não aconteça por lá. Seus amigos nunca irão embora. Os rolês vão ser mais caseiros e, a única diferença disso é que quem limpa a bagunça é você. A cama vai parecer enorme e minúscula em um tempo irrelevante. Sua casa fará barulhos, você vai ligar uma música ou a televisão só para se sentir menos sozinho. Morar sozinha também é muito solitário. Os dias parecem passar apressados, mas eles só estão se arrastando. Tudo bem.
No fim dessa primeira etapa, tudo o que você precisa entender é que sair de casa é mandar um grande "vai se foder" para o resto do mundo e se tornar dono de si mesmo, príncipe das suas próprias escolhas, vagabundo com o seu próprio fucinho. O mal do urubu é achar que o boi está morto, mas ele não está. O boi tá aqui, intacto, sem bambear. A adaptação é contínua, sabe-se lá se existem fases finais ou se você ultrapassa níveis enquanto você viver, mas quero dizer que estou pronta. Foda-se, o que tiver que vir, que venha.

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